domingo, 3 de julho de 2011

O LADO B


Cresci numa família abastada, estudei em colégio particular e frequentava a zona Sul do Rio de Janeiro, ou seja, só vivi e convivi, boa parte de minha vida, com a elite e sempre me foi possível conhecer as melhores coisas da vida esquecendo que o outro lado é bem diferente. Até meus trabalhos eram na zona Sul ou no Centro da cidade, onde as coisas acontecem, ou seja, eu sempre estive em bons lugares. Hoje estou fazendo um trabalho voluntário em uma Ong no Méier onde atende famílias, crianças e adolescentes com todos os tipos de problemas possíveis e imagináveis. Imagináveis não sei para quem, porque até então eu não fazia ideia do grau de violência, de pobreza, de abuso sexual, psicológico e de falta de querer melhora do povo brasileiro. A situação nas classes mais baixas é de arrepiar e supera, e muito, as histórias da televisão de CSI ou SVU.
Estou observando em choque que na maioria das casas moram mais de 7 pessoas e apenas uma ou duas trabalham, a maioria das crianças é abusada sexualmente desde bebe, os velhos são espancados e o pouco que ganham, os filhos ou os netos roubam, meninas de 18 anos já tem dois ou três filhos e não trabalham e nem querem trabalhar, muitos abandonam a escola antes de terminar o ensino fundamental porque tem que trabalhar e nunca mais voltam para a escola, enfim, eu poderia enumerar sem parar as coisas que tenho visto e que me estarrecem porque a realidade de nosso país é muito diferente do que a mídia quer  nos passar. A pobreza parece estar crescendo assustadoramente, o analfabetismo está tomando conta da população cada vez mais e as crianças estão enormemente abandonadas em suas casas. Nós somos vítimas de mentiras e vivemos como em MATRIX onde a vida real está em algum lugar lá fora. O governo nos engana, sabemos disso e fingimos que está tudo bem porque não nos atinge e não queremos ver o que acontece realmente. Estou em choque, estou triste e zangada porque não vejo um futuro promissor para nossa terra e o que mais assusta é que só fica rico quem já tem o bastante e o resto? É apenas o resto. Ninguém quer ver, saber ou ouvir.

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